QUESTÕES FREQUENTES

O Escorpião de Jade - Woody Allen 2002


     Hipnose de Palco, como espetáculo, e Hipnose Terapêutica não devem ser confundidas. Ambas seguem, abordagens e finalidades próprias. Existem muitos mitos fortemente enraizados, ideias pré-formadas em torno da hipnose, que podem criar expectativas ou receios que nada têm a ver com o trabalho de um hipnoterapeuta.
     A hipnoterapia moderna apoia-se na ideia de que todos nós dispomos dos recursos para gerirmos os nossos desafios. O terapeuta não cura exercendo um poder sobre quem o procura, mas acompanha-o numa viagem interior em busca das causas e soluções de um problema que o está a afetar. Assim sendo, é o próprio sujeito que se liberta de cargas que o perturbam e fortalece os seus recursos. Ao terapeuta compete criar um ambiente seguro e acompanhar o cliente neste processo de autodescoberta, aprendizagem e crescimento.
     A hipnoterapia está hoje fortemente implementada no mundo ocidental, graças aos muitos sucessos que tem obtido, nas mais diversas áreas, por vezes com resultados surpreendentes em poucas sessões. Este avanço, da hipnoterapia nos nossos dias, deve-se em grande parte a Milton Erickson (1901 – 1980), psiquiatra norte-americano, considerado o pai da hipnose moderna.

     Como refere Simões (2010) ao debruçar-se sobre esta problemática: "Atualmente, a hipnose é ainda vista com algum cepticismo e desconfiança, tanto pela sociedade em geral como por parte de alguma classe médica. Para isso contribuiu uma vertente da hipnose, a de palco, de diversão em contraponto à hipnose clínica, terapêutica. Não se distinguem pelos métodos de indução e fenomenologia, que são semelhantes, mas pelo conteúdo, pelo que se passa durante a hipnose, isto é, pela intenção (divertir/curar) e pela diferente formação teórica e prática do hipnólogo (artista/terapeuta)."


O QUE É A HIPNOSE?
     É um tipo de concentração focada enquanto uma pessoa está descontraída, algo que experienciamos todos os dias. Por isso a hipnoterapia baseia-se num fenómeno natural.
Exemplo: Quando na autoestrada ao volante ausenta-se mentalmente, encontra-se num transe hipnótico ligeiro, num  estado alterado de consciência.

FICA-SE A DORMIR?
     O corpo poderá cair em esquecimento, como se ficasse para trás, mas a mente fica altamente desperta. É na verdade um estado de uma grande atenção focalizada. Apesar de estar em contacto com o inconsciente, a sua mente é capaz de comentar, criticar e censurar. O processo é semelhante ao sonhar acordado.

EXISTE O PERIGO DE NÃO ACORDAR?
     Não existe relato desse tipo na literatura. Dado que este estado de concentração relaxada é perfeitamente normal, não existe esse perigoPode recuperar a consciência vígil sempre que quiser. Pode abrir os olhos e terminar o processo a qualquer altura. Não é uma anestesiaMesmo que o terapeuta abandone o cliente em transe, este simplesmente despertará sozinho. No entanto, se estiver muito cansada, também é possível que a pessoa passe para o sono natural e acorde se for chamada ou quando estiver descansada.

POSSO DIZER OU FAZER ALGO QUE VÁ CONTRA OS MEUS PRINCÍPIOS?
     Não fará nem dirá coisa alguma sem ter consciência dos seus atos, porque a hipnose não é sinónimo de sono.  A pessoa está num estado alargado de consciência, consciente dos seus pensamentos. A sua mente consciente mantém-se ativa e alerta. Não fará nada contra a sua vontade ou princípios. Todos nós temos mecanismos de segurança, para por exemplo, não praticarmos atos contra a lei.

A IDEIA DE SER HIPNOTIZADO, DOMINADO, NÃO ME AGRADA
     Este mito é o maior inimigo da hipnose clínica e de quem dela poderia beneficiar. A hipnose terapêutica tem um potencial inesgotável, porque estamos a falar de nós, do nosso potencial. É de nós que vem a "magia". São incontáveis os relatos de pessoas que suplantam situações de limite, porque nunca deixaram de acreditar.
     Qualquer hipnose não deixa de ser uma auto-hipnose. Tudo o que o hipnotizado faz ou diz terá de ter o seu consentimento. Quem resiste nem chega a entrar em hipnose. Não é o terapeuta que determina se a pessoa faz algo ou não. A própria pessoa é que decide. Todos temos um grande potencial, e é isso que o terapeuta ajuda a desenvolver. Sabemos que as pessoas são diferentes e por isso necessitam de respostas à sua medida. Não se trata de guiar o cliente, mas sim de acompanhar e transmitir segurança, nessa viagem de autodescobertaDeverá ser o inconsciente de quem busca uma solução guiá-lo às respostas. 
     O terapeuta é meramente um acompanhante, um facilitador, que utiliza as técnicas da hipnoterapia, de forma que o paciente encontre, atinge aquilo que procura. Não se trata de dominar o cliente, pelo contrário, o objetivo é o próprio cliente reconquistar o controlo sobre aquele aspeto da sua vida que o levou a procurar ajuda.

SERÁ QUE EU CONSIGO ENTRAR EM HIPNOSE?
     Em princípio qualquer pessoa
 que não apresente resistências, ou seja que confia no terapeuta, consegue entrar em hipnose, uma vez que se trata de um processo natural, embora nem todos atingem níveis profundos de transe. 
Na maioria dos casos esses níveis mais profundos também não são necessários para fins terapêuticos. Obtém-se bons resultados com níveis médios e até com níveis ligeiros de transe, porque facilitam a comunicação entre cliente e terapeuta durante a hipnose. Há mesmo quem desperte, convencido de nem ter entrado em hipnose, para posteriormente com surpresa constatar a eficácia da terapia.
     A tendência é o cliente atingir naturalmente estados cada vez mais profundos com cada sessão. Os primeiros sinais de mudança reforçam a confiança e determinação em seguir em frente. Repito que todos os estados hipnóticos são estados auto-hipnóticos, induzidos ou não. Como tal, a profundidade também ela é fruto de um processo de aprendizagem, que se faz caminhando nestas vastas dimensões da consciência.

Notas:
  • A hipnose é contraindicada para quem sofre de perturbações epiléticas.
  • No caso de crianças consulte um terapeuta especializado em Hipnoterapia Infantil. Trabalho exclusivamente com adultos.